Há muito tempo se associa o vírus HPV com o aparecimento do câncer de colo de útero nas mulheres. Esta relação também existe nos homens e mulheres com HPV no canal anal (dentro do ânus) e na região perianal (ao redor do ânus).

Com o aparecimento do vírus HIV a partir de 1982, houve um aumento de 33% nos casos de câncer anal em portadores de HPV + HIV (dados americanos), e a proporção homens/mulheres que era de 1/1.6 (ou seja, 60% mais mulheres que homens), mudou para 1/1.5 (50% mais mulheres do que homens). Acredita-se que isso se deve à ação direta do vírus HIV sobre um proteína causadora de tumores, presente no vírus HPV.

Com o advento dos anti-retrovirais, ao invés de diminuição da incidência deste tipo de câncer, houve um novo aumento, agora de 66% em relação à era pré-HIV. Este aumento se deve, provavelmente, ao aumento de expectativa de vida dos portadores do HIV. Também notou-se novo aumento do número de homens em relação às mulheres, sendo agora de 1/1.2 (20% mais mulheres do que homens).

É inevitável se fazer um paralelo entra câncer de colo de útero e o câncer de canal anal causados por HPV. No caso do colo do útero, antes do advento dos exames de prevenção (Papanicolau, teste do ácido acético e Colposcopia), a incidência era de 40 casos para cada 100.000 habitantes. Após a implantação destes programas de prevenção, a incidência caiu para 8 casos para cada 100.000 habitantes (1/5 dos casos). Isso equivale a dizer que em uma cidade de 10 milhões de habitantes, ao invés de diagnosticarmos 4.000 casos novos deste tumor por ano, teremos agora 800 casos novos por ano, uma queda significativa, principalmente se computados os custos do tratamento dessas pacientes com câncer de colo de útero no sistema público de saúde.

É com este raciocínio que se preconizou o mesmo teste de prevenção para o câncer anal e perianal nos portadores de HPV, principalmente quando associado ao HIV. São realizados o Papanicolau (citologia em meio líquido) + teste do ácido acético + Anuscopia de Magnificação (o correspondente à Colposcopia no colo do útero). Com a associação dessas técnicas, é possível identificar lesões em suas fases mais precoces, antes de se tornarem malignas, ou lesões malignas em fase inicial.